Falha // Fault
Desde a crosta terrestre até à própria constituição do nosso ser interior, a falha surge como uma inevitabilidade que permeia tudo o que é. Manifestando-se em espaços vazios, rachas criadas pelo próprio tempo, e desejos além da nossa capacidade de concretização, a falha assume, no nosso imaginário conceptual e verbal, uma imediata associação ao erro – onde o que é e o que deveria ser se confrontam.
Ao refletir sobre este ponto, Herberto Helder conclui: “O erro aparece como uma constante, mas existe a possibilidade de ser sempre menor. Entre um grau máximo e um grau mínimo de erro, situa-se a evolução. (…) Evolui, evoluirei.” (Jornal de Letras e Artes, Maio, 1964).
A partir deste ponto de vista, convido os espectadores a procurar subverter esta associação. Desde o traço manual ao digital, todas as obras refletem um processo suscetível à falha. Ora obras inacabadas, ora obras auto-reprimidas, procurei eu própria fugir a estes preconceitos e assumir o que as tornava únicas – o erro. Exagerei-os, apropriei-os, tornei-os nas composições que aqui poderão ver e refletir.
Através da exploração de diferentes técnicas como o desenho, a serigrafia e a montagem digital, pretende-se relacionar os fenómenos naturais àqueles da ação humana, numa clara expressão de uma vontade de limpeza e cura, que se expande para a audiência que poderá interagir com a exposição num exercício de libertação e evolução.







